Alessandra Negrini reflete sobre cancelamento e surpreende

Alessandra Negrini no Carnaval de 2020 (Reprodução)
Alessandra Negrini no Carnaval de 2020 (Reprodução)

Em meio às discussões sobre cancelamento virtual, a atriz Alessandra Negrini resolveu fazer uma reflexão sobre o assunto. A artista apontou que as críticas nas redes sociais acabam se tornando um “instrumento de violência”.

Convidada do podcast Novela das 9 relembrou o episódio de quando ela foi alvo de críticas por ter ido ao Carnaval do ano passado com uma fantasia de indígena. Na época, a artista estava fazendo um protesto a favor dos povos originários, mas foi mal interpretada.

“Não sou a favor. Como diria Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra. Essas coisas precipitadas da internet levam a equívocos. O cancelamento surgiu como uma ferramenta importante balizar as pessoas e falar: ‘Não, você não pode fazer isso, isso é horrível’. Ele tem seu valor nesse sentido. Mas virou algo impositivo, virou um instrumento de violência. Então tem que ter sempre o diálogo na própria narrativa”, disse

Alessandra continuou com o posicionamento e argumentou que existem erros no processo do cancelamento que se assemelham com o fascismo. “Você tem uma narrativa, mas tem que pensar os prós e os contras dentro da própria narrativa. Ou seja, você tem que parar para pensar. O que tem acontecido no cancelamento é que ninguém para pensar. Eu acho meio fascista o processo do cancelamento, na verdade”, declarou.

Questionada sobre o quanto o caso acabou gerando reflexões e debates sobre o assunto, ela disse que entende a confusão quanto a suposta apropriação cultural, mas acredita que este não era seu caso, já que teve apoio do setor.

“Eu estava muito segura, nem esperava que isso fosse acontecer (…) Essa questão da apropriação cultural é quando não tem troca. Você pega um signo de um grupo, se apropria para você e o grupo que produziu aquilo não recebe nada. Não é o caso”, afirmou.

Alessandra aproveitou para divulgar o nome do artista que fez a sua pintura corporal: “Eu chamei um indígena para pintar o meu rosto, então o trabalho dele estava impresso no meu rosto. Ele tem um trabalho maravilhoso, o Benício Pitaguary. E eu estava lá para mostrar isso. Era a representatividade deles”.

Visto a fragilidade nas redes sociais e o grande número de polêmicas enfrentadas por artistas de diversas áreas, Alessandra foi questionada sobre o medo do cancelamento e prontamente ela afirmou que não teme que isso aconteça com ela.

“Não, eu não estou pensando sobre isso. Não é uma preocupação da minha vida no momento. Mas a gente se preocupa em tentar entender o mundo com os melhores conceitos. ‘Como pensar o mundo’ é uma questão para todo mundo hoje em dia”, declarou.