Fim de Malhação expõe indecisão e falta de planejamento da Globo

Rafael Vitti (Pedro) e Isabella Santoni (Karina) em Malhação Sonhos; Globo acabou com novela e reprise não terá substituta (Foto: Divulgação/TV Globo)
Rafael Vitti (Pedro) e Isabella Santoni (Karina) em Malhação Sonhos; Globo acabou com novela e reprise não terá substituta (Foto: Divulgação/TV Globo)

O fim de Malhação expôs mal planejamento (ou até mesmo a falta de um plano) da nova direção da Globo. Os novos executivos da emissora têm tomado decisões de forma mais repentina, encerrando projetos com execução avançada.

O problema não é a Globo colocar um fim em Malhação, mas sim a forma como tudo aconteceu. A emissora simplesmente descartou duas temporadas da novela teen em sequência.

Primeiro, engavetou a temporada Transformação, escrita por Priscila Steinman e Márcia Prates. Agora, cancelou o projeto Eu Quero é Ser Feliz, assinado por Eduardo e Marcos Carvalho, os Irmãos Carvalho.

A “nova Globo” e o fim de Malhação

Substituto de Silvio de Abreu na direção de dramaturgia da Globo, José Luiz Villamarim assumiu o posto em dezembro de 2020. Ele foi colocado no cargo por Ricardo Waddington, novo diretor de Entretenimento do canal.

Desde então, Villamarim tem reavaliado projetos deixados por seu antecessor. O executivo já cancelou novelas e encurtou novela, algo comum de que acontecer – inclusive, algo que era feito por Silvio de Abreu.

O problema é como vem sendo tomadas algumas decisões. A Globo, sempre com decisões estudadas e antecipadas, costuma ter como prática o cancelamento de projetos em fase inicial de desenvolvimento, ao contrário do que aconteceu com as duas temporadas de Malhação.

A temporada Transformação já estava com todos os capítulos escritos e o elenco com boa parte escalado quando a direção do canal decidiu abortar a história. Já a outra temporada cancelada, Eu Quero é Ser Feliz, estava com capítulos escritos em fase avançada e o elenco em processo de escalação.

Falta de planejamento?

É compreensível que a Globo reavalie projetos e decida não executá-los, assim como qualquer empresa faz. Mas decisões tomadas da forma que vêm acontecendo indicam uma falta de planejamento. A mudança de rota por pelo menos duas vezes faz parecer que a emissora não sabe qual caminho que seguir.

Há de se concordar que de dezembro para cá, o novo chefão da dramaturgia global teve tempo para decidir antes sobre a continuidade ou não das produções. Desde que assumiu o cargo, deu o aval para a produção das duas temporadas de Malhação, agora canceladas.

Seja uma decisão da direção de dramaturgia, de programação ou de Entretenimento, o fim do ciclo de Malhação evidenciou um mal planejamento da atual direção da Globo com um vai e vem de decisões.