Maju Coutinho desabafa: “Nunca me senti tão necessária como jornalista quanto agora”

Maju Coutinho (Foto: Reprodução)

Maria Júlia Coutinho, carinhosamente chamada de Maju, atualmente é a âncora do Jornal Hoje. E a responsabilidade em assumir a atração da Globo veio num momento importante para o jornalismo, com a pandemia do novo coronavírus e tantas outras coisas acontecendo no mundo nos últimos tempos. Em entrevista à revista Marie Claire, a jornalista afirma que poucas coisas lhe tiraram do prumo.

“Fiquei baqueada com as mortes de Moraes Moreira e Aldir Blanc. Depois que terminei as edições do jornal sobre eles, no caminho de casa, chorei”, diz ela, que pondera: “Não foi dos momentos mais graves, mas é como se fosse um reflexo de todos os outros. Não tinha a ver só com Moraes ou Aldir, mas com um conjunto de coisas. [A morte de] João Pedro também mexeu muito comigo”, afirma, se referindo ao menino morto no Rio de Janeiro por policiais.

Racismo

Na sequência, a âncora fala da importância do jornalismo nesse momento. “Mas nunca me senti tão essencial e tão necessária como jornalista quanto agora”, afirma, revelando que fez anos de análise para analisar crises. “Me recolho, invisto na terapia e pratico meditação, que me colocam no eixo. Também tenho suporte da minha família. Sou jornalista, não celebridade. Estou neste posto hoje mas, amanhã, posso não estar. Por isso mantenho a discrição: pouco interessam detalhes do meu casamento, onde janto ou passo férias. Não posto nada sobre isso. Mesmo assim, a TV cria imaginários que fazem as pessoas idealizarem um glamour que não existe”, desabafa.

O racismo também foi tema da entrevista. “No episódio racista que vivi quando estava no Jornal Nacional, o Bonner e a Renata aderiram àquela campanha #SomosTodosMaju. Lembro que eu disse a eles: ‘Agradeço o que vocês estão fazendo por mim, mas sou uma mulher negra. Desde criança, tenho consciência da minha negritude, porque passei por outras situações como essa. Não considero normal, mas estou blindada. Essa é a minha realidade: quanto mais escuro o tom da pele, mais você é animalizado. Claro que ficam marcas das agressões que sofri mas, naquele momento, enfrentei. O que me comoveu mesmo foi a quantidade de pessoas me apoiando. Foi muito impactante”, afirmou Maju Coutinho.