Murilo Benício revela desafios de interpretar personagem em ‘Pantanal’

Murilo Benício como Tenório na nova versão de 'Pantanal'
Murilo Benício como Tenório na nova versão de ‘Pantanal’ (Foto: Globo/João Miguel Júnior)

Na nova fase de Pantanal, Murilo Benício viverá o antagonista Tenório. Para interpretar o vilão, o ator revela que encontrou alguns desafios, já que se trata de um personagem machista, conservador e extremamente preconceituoso.

Em conversa com a jornalista Maria Fortuna, do Jornal O Globo, Murilo, que também pode ser visto na reprise de O Clone, contou que buscou inspiração em homens da vida real que, infelizmente, possuem essas mesmas características que seu personagem na novela.

“Busquei inspiração muito mais na vida real do que em mim mesmo. Ele é o tipo de homem que a gente está se desfazendo, mas que sempre persiste em vários lugares. Tem coisas que me sinto até mal quando falo. Ao mesmo tempo, encontro uma forma de falar porque esses caras existem aos montes ainda. Tem um vídeo circulando de um fazendeiro que matou uma onça. É uma coisa tão inconcebível na minha cabeça… Achava que não existia mais, mas foi ontem! Acho que a gente tem uma urgência em falar do Tenório.”, explicou.

Uma das grandes dificuldades mencionadas pelo ator, foi a de reproduzir as falas machistas do personagem. “O que mais pega são as frases machistas. Pensava: “Caramba, em algum lugar uma mulher está sendo tratada desse jeito no momento em que eu estou inventando esse cara”. Dava uma sensação ruim. Tive que brigar muito comigo mesmo.”, destacou Murilo.

Machismo na vida real

Para Murilo Benício, a “questão machista está culturalmente no nosso sangue” e é algo que precisa urgentemente ser modificado. O ator conta que, em seu círculo de amigos, já percebe essa mudança significativa.

“Com certeza, a gente tem que melhorar. Temos uma questão machista que está culturalmente no nosso sangue. Às vezes, você faz um comentário não se achando machista e sendo. Acontece comigo. Tem muita coisa para melhorar, mas percebo uma turma ao meu lado melhorada. Não sei se é a seleção natural de amigos meus. Eles estão atentos e a gente conversa sobre isso. Não que seja uma pauta a cada encontro, mas há assuntos e acontecimentos que a gente conversa. Mas se for englobar todo mundo, a grande maioria é muito machista.”, explicou.

O artista acrescenta: “É uma cultura que, devagarinho, a gente vai mudando. Crescemos achando que o mundo obedece a uma regra equivocada que nos passam. As pessoas são diferentes e a gente tem que aceitar qualquer um do jeito que é. Porque não é da nossa conta. Antigamente, parece que era. Acho que entender isso me pouparia muito sofrimento.”, ressaltou.