Record tirou apresentadora por contrariar decisão, diz juiz

Adriana Araújo no Jornal da Record; apresentadora deixou a bancada após críticas sobre cobertura da covid-19 (Foto: Reprodução/Record)
Adriana Araújo no Jornal da Record; apresentadora deixou a bancada após críticas sobre cobertura da covid-19 (Foto: Reprodução/Record)

A Record tirou Adriana Araújo da bancada do Jornal da Record após ela contrariar a linha editorial da emissora alinhada ao governo de Jair Bolsonaro. É o que constatou o juiz Adenilson Brito Fernandes, da 63ª Vara do Trabalho de São Paulo.

O trecho está na sentença em que determinou que a Record reconheça o vínculo empregatício com a jornalista. O Entretê teve acesso à decisão judicial em que o canal paulista saiu derrotado.

Ação trabalhista contra a Record

Em meados deste ano, Adriana entrou com uma ação judicial contra a rede de Edir Macedo na Justiça trabalhista de São Paulo. No processo, ela pediu o reconhecimento do vínculo empregatício com o canal. Os pedidos foram atendidos pelo juiz, que lhe deu ganho de causa.

Na sentença, o magistrado destacou que a jornalista apresentou e-mails para provar que era subordinada à Record. De acordo com a decisão, o material comprovou que a emissora determinava os conteúdos e como seriam apresentadas as notícias.

“A reclamante colacionou aos autos diversos ‘e-mail’ nos quais se infere que o reclamado realmente dirigia seu trabalho diário, bem como que disciplinava o conteúdo das matérias, a forma de atuação e apresentação das notícias. Há, também, ‘e-mail’ disciplinando escala de trabalho, período de recesso ou férias”, diz Adenilson Brito Fernandes.

“De modo geral, a reclamante a meu sentir estava sob subordinação jurídica direta de outros trabalhadores do reclamado, dentre os quais alguns com vínculo de emprego regido pela CLT, além de também se subordinar a alta direção patronal, completa o magistrado.

A saída de Adriana Araújo do JR

Em outra parte, o juiz constatou que Adriana foi tirada da bancada do Jornal da Record por não estar alinhada com o discurso da emissora. Segundo o trecho da sentença, a emissora tirou a jornalista do telejornal por ela ter se manifestado de forma contrária em relação à forma como o canal noticiava as ações do governo Bolsonaro sobre a covid-19.

Não à toa a reclamante foi retirada da bancada de apresentação de jornalismo ao manifestar-se em sentido contrário ao que preconizava a emissora de televisão na divulgação de informações da pandemia SARS-CoV-2 – Covid19, isto porque o reclamado [a Record] dirigido por membros religiosos (Bispos), alinhados ao governante atual – dito família cristã do bem – teve violado seu compromisso com tal governo de não divulgar notícias contrárias a política de saúde que vinha adotando no país – impondo tratamento precoce –negando a ciência”, concluiu Adenilson Brito Fernandes na decisão.

Adriana Araújo ficou contratada da Record por 15 anos, entre 2006 e 2021. Em junho do ano passado, ela saiu da bancada do Jornal da Record após criticar a cobertura sobre a covid-19. Na ocasião, foi remanejada para o Repórter Record Investigação. A jornalista deixou a emissora em março.