Tico Santa Cruz fala sobre mudança pessoal na pandemia

Tico Santa Cruz (Reprodução/ Instagram)

O vocalista da banda Detonautas, Tico Santa Cruz, que também é conhecido pelo seu posicionamento político desde o início da banda, disse em entrevista a Quem que sofreu represálias e prejuízos financeiros por ter a sua postura em relação à política. O artista revelou que hoje em dia se sente mais protegido, no qual todos os artistas estão sendo obrigados a se posicionar

“Eu queria ser jornalista e comentarista político. Cursei até Ciências Sociais na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em 1997. Não concluí o curso, mas continuei estudando e lendo muito sobre o tema. Com a internet, acabei, de certa forma, me tornando o que queria ser. A internet foi me jogando para esse caminho”, disse ele. 

“Vivemos uma democracia parcial. Sofremos muitas retaliações por conta dos posicionamentos políticos. Sofro ataques – inclusive no próprio meio artístico – desde 2012. Por causa do gabinete do ódio e dessa dinâmica de se criar fake news, tive inúmeros prejuízos financeiros e mental. As pessoas tinham medo de ter o Detonautas em festivais por causa das letras e do posicionamento combativo. De 2018 para frente, tenho sentido uma diferença”, falou.

“Hoje em dia se cobra um posicionamento dos artistas e como a gente já faz isso há anos, temos uma bagagem maior e temos recebido mais apoio. Sinto até que os ataques de ódio pela rede social diminuíram. Cada vez menos as pessoas se propõem a defender esse governo, que é vergonhoso. E os robôs estão direcionando para outras pessoas os ataques de ódio”, completou.

Livro sobre o posicionamento da banda

Santa Cruz, que atualmente está escrevendo um livro sobre as represálias que a sua banda sofreu por sempre se posicionar, contou que depois de um tempo fazendo terapia conseguiu mudar um pouco a forma de lutar: “A gente trata a saúde mental para conseguir lidar com os sentimentos. A minha personalidade é combativa. Quanto mais me atacam, mais vou para cima. Isso, de certa forma, foi uma blindagem que criei. Nunca me intimidei. Cresci em um ambiente de conflito, que é um ambiente normal para mim. Trabalho na terapia as brigas que valem a pena brigar. Por minha essência, entraria em todas as brigas, mas na pandemia tive esse crescimento pessoal”, assegura. 

Mudança pessoal com a pandemia

“Sou uma pessoa antes da pandemia e vou sair completamente diferente dela. Fiz uma mudança interna, tomei a decisão de desatar nós que fiz durante a vida com conflitos mal resolvidos por conta de atitudes imaturas. Sou muito intenso e por várias vezes equalizei de forma errada a minha voz e causei transtorno. Não quero comprar brigas com todos e quando comprar, quero saber a maneira adequada de conduzir o conteúdo. É uma evolução que tive neste tempo de vulnerabilidade que a pandemia me trouxe com tantas mortes e descaso”, finalizou.