Bernardo de Assis revela luta dramática antes de entrar na Globo

Bernardo de Assis
Bernardo de Assis (Reprodução/TV Globo)

O ator Bernardo de Assis, de 25 anos de idade, tem mostrado todo o seu talento em Salve-se Quem Puder. O personagem, bem como ele, é transexual e tem abordado pautas na trama da mesma forma a sua vida pessoal. Antes de entrar na emissora carioca, o ator teve a experiência de morar na rua e precisou procurar algumas ongs, onde encontrou ajuda na Casa Nem, no Rio de Janeiro, que abriga a comunidade LGBTQIA+.

“Reconheço todo meu privilégio de ser um homem branco, mas vim do subúrbio, sai de casa e passei um tempo na rua. É uma luta diária a sobrevivência de uma pessoa trans. Por conta do meu trabalho, hoje consigo ser acolhido por amigos, por colegas. Estou morando em São Paulo. Temos algumas Ongs que ajudam muito a população trans. Fui acolhido pela Casa Nem. Fui acolhido lá diversas vezes”, contou ele a Quem.

Preconceito

O diretor revelou preconceito que ocorre dentro da comunidade gay contra os transexuais:

“Nós não somos acolhidos nem dentro da nossa comunidade. A ideia de ser homem é tão inalcançável, que nós precisamos toda hora reforçar um machismo para tentar alcançar. A gente tem que alcançar um ideal inalcançável. A única coisa que eu não quero fazer é reproduzir esse machismo. Nem por isso deixo de ser homem, perco a minha masculinidade”, contou.

Reconhecimento no trabalho

Bernardo fez questão de evidenciar a relevância e a importância do seu personagem na trama e na vida profissional:

 “Quero ser reconhecido pelo meu trabalho, conquistar novas oportunidades. A gente precisa desconstruir a distinção de pessoas pelo gênero delas. É muito importante termos pessoas aliadas e falarmos sobre esse tema para a massa, como na novela. Que o público possa conhecer cada vez mais narrativas de pessoas trans e nossas vivências sejam mostradas também de maneira positiva. Há esperança de que um dia essa situação mude”

Beijo trans

 O ator foi alvo de duras críticas quando na novela protagonizou o primeiro beijo de um homem trans e uma mulher cis, ao vivenciar uma relação com Renatinha, interpretada por Juliana Alves.

“Tenho plena consciência de que é necessário e urgente passar por isso, para que outros artistas não passem por isso. As pessoas não estão preparadas para ver pessoas trans em destaque, sem ser em situação de violência. A gente tem várias notícias diárias de pessoas trans sendo agredidas e mortas e isso não causa mais comoção. Mas se colocam uma pessoa trans em destaque, falando do trabalho, na televisão, incomoda a sociedade. A gente quer falar das nossas carreiras, trabalho, estudo, talento. Queremos estar em todos os lugares, como pessoas normais na sociedade”, revelou ele.

“Vou ser honesto. Esperava, mas não estava preparado. A gente imagina que vai ter hater, principalmente quando se é da comunidade, está acostumado a ser atacado, mas eu não estava preparado para ser atacado desta maneira”, finalizou o desabafo.