Caetano Veloso detona Bolsonaro: “O avesso do que devemos ser”

Caetano Veloso (Reprodução)
Caetano Veloso detonou o governo de Jair Bolsonaro (Imagem: Reprodução/Instagram)

O cantor Caetano Veloso está em alta nas redes sociais por conta de um movimento que será liderado por ele. No próximo dia 9 de março, o famoso estará à frente de uma manifestação artística a favor do meio ambiente.

Durante uma entrevista concedida ao portal Metrópoles, o veterano, que é um dos artistas mais importantes do país, explicou como começou a se preocupar mais com as questões ambientais e relembrou o passado.

A primeira vez que pensei na questão de forma racional foi quando li, em 1968, o livro de Claude Lévi-Strauss Tristes Trópicos. Lá tem uma reflexão sobre os mares estarem se enchendo de lixo produzido por humanos – e uma visão pessimista da enormidade da população humana no planeta”, disse o famoso.

Em outro ponto, Caetano relembrou o difícil momento em que ele e o amigo e também cantor Gilberto Gil foram presos na ditadura. Ele ainda fez uma comparação com o governo atual de Jair Bolsonaro, sem citar nomes.

“Gil e eu fomos presos em dezembro de 1968, logo após o AI-5. Ficamos na cadeia até fevereiro de 1969. O atual governo nasceu de uma revisão absurda da história da ditadura militar“, diz.

Críticas ao governo

Na sequência, ainda sem citar o nome do presidente da República, ele relembrou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.

O sujeito que veio a se tornar presidente dedicou seu voto favorável ao impeachment de Dilma ao torturador Ustra. Seu vice disse, em entrevista televisiva pré-eleição, que Geisel foi único que errou. Entendi que ele detesta o projeto de abertura que, confirmando uma profecia de Glauber Rocha, Geisel pôs em prática”, continuou o artista, que prosseguiu na sequência.

“Não gosto nem de Delfim dizendo que votaria de novo pelo AI-5. Sou democrata, embora não mais um liberal democrata. Acho que o Brasil tem de tornar os atos do poder público igualitários e criativos e parar com o deslumbre pelas forças privadas. Precisa curar-se do delírio neoliberal. O governo que temos agora não tem paralelo com a ditadura, tem saudade dela, paixão pela deformação do poder público. É o avesso do que devemos ser“, disparou.

Antes de encerrar, o cantor fala sobre uma possível reeleição do governante. “Parece provável que Bolsonaro perca. Mas não é certo. De todo modo, mesmo que ele saia, a sociedade brasileira precisa mostrar-se mais forte do que a neurose coletiva que alimenta o bolsonarismo“, finalizou.