Caetano Veloso relembra prisão na ditadura: “eu não chorava”

Caetano Veloso (Reprodução)
Caetano Veloso (Reprodução)

O cantor Caetano Veloso relembrou o período em que esteve preso durante a ditadura em 1968. O artista esteve no programa Conversa com Bial na madrugada do último sábado (5).

Durante a entrevista, ele confessou  que não conseguia chorar, mesmo após vários dias em uma solitária. “Eu não chorava e não tinha nenhuma excitação sexual. Mesmo que eu buscasse, era impossível”, Por conta disso, ele admitiu que evitava a masturbação .

“Eu me proibia terminantemente a masturbação e obedeci até sair”, disse ele, que logo em seguida explicou o motivo: “Seria a perda da energia que resultaria em uma possível soltura”.

Ainda segundo Caetano, que está prestes a lançar o documentário “Narciso em Férias”, que conta suas lembranças na prisão, o desejo apenas voltou quando foi transferido para um quartel.

“No terceiro estágio da prisão, fui transferido para os ‘paraquedistas’, e lá eu ficava sozinho em uma cela que tinha uma cama e um banheiro com chuveiro. Era como se fosse uma suíte. E com esse relativo bem estar, quando a Dedé [Gadelha] me visitava, foi que renasceu o desejo sexual”, disse o baiano.

Caetano foi preso no dia 27 de dezembro de 1968 por agentes do regime militar e foi levado para uma solitária no Rio de Janeiro. O artista, que estava em sua casa no momento, foi detido 14 dias após o decreto do AI-5.

Caetano Veloso desenvolveu medo de baratas

Caetano ainda comentou que criou uma série de superstições durante o período que esteve preso. Entre essas situações, ele destaca o medo de baratas.

Caetano ainda falou sobre o o carinho que construiu com a música Hey Jude, dos Beatles. “Me lembro nitidamente que ‘Hey Jude’ (composta por Paul McCartney) era a canção positiva; quando tocava através do rádio de um dos soldados, era sinal de que ia melhorar a minha situação. Já a aparição de barata, que até hoje eu tenho medo, era o pior sinal possível”, recordou.