Gilberto Gil desabafa sobre racismo: “só entendi na adolescência”

Gilberto Gil (Reprodução)
Gilberto Gil (Reprodução)

Convidado do programa Conversa com Bial da última quarta-feira (5), o cantor Gilberto Gil revelou que só veio perceber o racismo na adolescência. O artista disse que sofreu preconceito ao ingressar em um colégio de elite.

“Eu só fui perceber essas questões muito depois, na adolescência, na idade quase adulta”, disse ele que também revelou vir de uma família onde os pais tinham um padrão de vida elevado.

“Foi no ginásio quando começou um pouco, pois meus pais me mandaram para um colégio da elite onde o número de negros era muito pequeno; de 400 alunos, tinham dez negros na melhor das hipóteses”, afirmou.

“Então, ali as questões do racismo, da discriminação e do deslocamento social que aquele grupo étnico sofria começaram a surgir”, disse.

Gil também relembrou sua juventude na cidade de Ituaçu, no interior da Bahia. O músico apontou que por seus pais ter um padrão de vida elevado para muitos negros da cidade, acabou que ele não percebia tanto o preconceito.

“Eu não sentia nenhuma diferença. Meu pai era uma figura proeminente na cidade, um doutor muito querido, e minha mãe era professora na escola municipal, então não havia espaço para percepção da diferença. O racismo e a discriminação não eram exercidos em relação a minha família”, declarou.

Ainda durante o bate-papo com Bial, o pai de Preta Gil confessou que tem o colega Jorge Ben como um dos grandes influenciadores quanto a questões raciais. Ele disse que após conhecer o artista, começou a entender do assunto.

“Jorge era uma afirmação clara da grandeza do negro com aquele seu canto expressivo, sua poesia, seu versejar e a beleza que trazia aos temas negros de ser”, revelou. E completou: “Após isso, toda a questão histórica, a escravidão, as dificuldades raciais, o racismo e o preconceito, todas essas coisas ficaram evidentes para mim”.