Katiúscia Ribeiro estreia programa sobre ancestralidade no GNT

Apresentadora e doutora em filosofia africana Katiúscia Ribeiro (Divulgação)
Apresentadora e doutora em filosofia africana Katiúscia Ribeiro (Divulgação)

Estreou nesta quinta-feira (31), o primeiro episódio do programa “Futuro Ancestral“, apresentado pela professora e doutora em filosofia africana Katiúscia Ribeiro, no canal GNT. O programa tem como objetivo conectar os telespectadores com a cultura, história e filosofia Africana.

Novidade no GNT, o programa Futuro Ancestral vai trazer abordagens sobre o que é a filosofia Africana, o que é ancestralidade e como ambas ajudam as pessoas a lidar com questões da vida como amor, saudade, perdão, vaidade e religião.

Com direção de Silvana Moura e roteiro de Jonathan Raymundo, Katiúscia Ribeiro fará o público sentir e pensar a partir de África e das africanidades presentes no Brasil.

Em entrevista exclusiva para o Entretê, Katiúscia falou um pouco sobre a importância de se levar a cultura e ancestralidade preta para a TV Brasileira, e como a atração pode servir como uma ferramenta para ajudar no combate ao racismo.

Qual a importância de se ter um programa na TV brasileira voltado para refletir questões raciais?

O Brasil historicamente, durante seus quase 400 anos, tratou o negro como mercadoria e depois da abolição e independência, olhou o negro como um objeto a ser descartado , apagado, eliminado. Dentro deste contexto, olhar e trazer os negros na produção de conhecimento, ainda mais em uma emissora de grande visibilidade, é negar esse Brasil racista e dar o primeiro passo para esse Brasil do futuro, o Brasil que respeita e agrega toda a sua população.

Como você avalia o movimento de valorização/resgate da cultura preta no Brasil em 2022?

A gente sempre ouviu que Brasil é o pais do futuro, porém esse futuro nunca se realiza. Talvez isso seja fruto da ausência do Brasil real na construção de poder que define o que o Brasil é. Quando a classe dirigente do Brasil olhar também para contribuição dos povos indígenas e africanos, talvez esse futuro tão alardeado se torne real.

Como o debate sobre cultura e filosofia africana pode ajudar no combate ao racismo?

Historia é poder! Refletir sobre o papel participativo da população negra na história fora do período colonial reintegra os povos negros ao protagonismo da historia, pergunte a você mesmo quando em sala de aula você estudou um pensador africano ou indígena, quando? E será que isso não é racismo? A filosofia Africana e a filosofia indígena talvez guarde a resposta para este pais, racista, sexista, homofóbico, desigual e que apesar de muito rico, nunca acontece. A filosofia é a possibilidade de reflexão fora do eixo de privilegio de pensamento sempre dentro dos mesmo padrões.

Como foi sair do ambiente acadêmico e integrar um programa de TV? Fale um pouco sobre essa nova experiência.

Foi importante, pois a universidade ainda hoje é um espaço desigual e elitista, e a possibilidade de comunicar com diversos públicos democratiza o conhecimento. É preciso lembrar que o conhecimento produzido na universidade é viabilizado pelo dinheiro do povo brasileiro. Inclusive, a filosofia Africana é excluída da universidade e estar no espaço de televisão possibilita que todos tenham conhecimento de sua legitimidade.