Monica Iozzi fala sobre política e assédio em entrevista

Monica Iozzi
A atriz e apresentadora Monica Iozzi (Foto: Reprodução)

A atriz e apresentadora Monica Iozzi fez uma série de declarações reveladoras durante uma entrevista. Ela conversou com o 29HORAS e falou sobre carreira, assédio, militância e política. A famosa relembrou a origem de sua família e contou um pouco a respeito da infância.

“Minha família tem origem simples, meu pai era eletricista e minha mãe, dona de casa, então eles não se envolviam tanto nessas questões. Mas me lembro de, ainda muito pequena, começar a gostar de política por conta própria. Aos oito anos de idade, eu era meio obcecada pelo horário eleitoral. Achava aquilo tudo muito esquisito. Eu via todas aquelas figuras histriônicas e quase teatrais — lembra do Dr. Enéas nos anos 1990? — e sentia como se estivesse acompanhando um roteiro de novela. Mas nunca foi apenas um entretenimento, algo ali já me instigava”, afirmou.

Política em CQC

Em outro momento, Iozzi relembrou sua participação no programa CQC, em que ficou famosa, e falou sobre política. “Sinceramente, nós estamos vivendo um momento tão assustador e distópico que todo dia surge alguma pauta absurda. É só fazer plantão no cercadinho do presidente para ter acesso a um estoque interminável de escândalos”, comentou.

Mas, falando de momentos específicos, acho que teria sido muito interessante cobrir os bastidores da CPI da Covid. No ‘CQC’, a gente adorava colocar contra a parede pessoas que davam declarações divergentes, e nessa comissão isso aconteceu aos montes. Também queria ter tido a oportunidade de acompanhar a onda de manifestações pró-regime militar que tomou o país nas últimas semanas. Essa verve enlouquecida e inacreditável de retrocesso daria um quadro, no mínimo, bizarro”, continuou.

Humor/política

Na opinião de Monica Iozzi, o humor é um instrumento político muito poderoso. “Há uma capacidade transformadora e instigante no ‘rir do absurdo’. O que o Marcelo Adnet faz, por exemplo, com as sátiras, imitações e toda aquela ironia crítica é genial. E eu acredito muito que esse tipo de humor, consciente e ácido, tem o poder de fazer com que as pessoas comecem a prestar mais atenção nas atrocidades que estão acontecendo“, disse ela, que, por fim, disse se arrepender de abrir espaço para Jair Bolsonaro durante o CQC.

“Eu sempre me pergunto isso. Naquele momento, as matérias que eu fazia eram muito no intuito de denunciar o visível despreparo daquele, na época, deputado federal. O que não imaginava era que, ao invés disso, eu pudesse estar entregando um megafone na mão dele e dos seus discursos de ódio. Pode parecer uma comparação meio forçada, mas na Alemanha a população é proibida de fazer qualquer apologia ao nazismo. Aqui, talvez tenha chegado a hora de agirmos assim também. Não há mais escolha além de ser intolerante com pessoas intolerantes. Hoje, eu provavelmente teria preferido abafar muitos absurdos que ele disse contra a população LGBTQIA+, as mulheres, e as falas a favor da ditadura”, afirmou.

Ela encerra falando de assédio. “Eu não conheço nenhuma mulher que nunca foi assediada. Até minha sobrinha de 13 anos já tem algumas histórias assim para contar. É preciso expor essa realidade, e a série [Assédio, da Globo] faz isso com maestria. Também me deixa grata a forma como a produção conseguiu trazer uma mensagem de força feminina. Apesar de todas as personagens terem sofrido violência, elas estão longe de serem representadas com fragilidade”, concluiu.