Youtuber Vitor DiCastro desabafa: “A homofobia me calou por muito tempo”

Vitor DiCastro
Vitor DiCastro (Reprodução/ Instagram)

O youtuber e influenciador Vítor DiCastro, que bombou na pandemia fazendo vídeos de humor, contou com exclusividade ao site da revista QUEM sobre a sua série Deboche Astral, em que ele conta um pouquinho das relações de cada signo.

Comemorado o mês do Orgulho LGBT em Junho (28), o influenciador e ressalta a importância do movimento:

“Vivar referência me fez ser mais cobrado, ainda mais na era do cancelamento. Tenho que me posicionar sobre os assuntos, mas da maneira que o público espera. Se eu falar uma besteira vai ter peso 2. Lido com isso de uma maneira tranquila porque entendo que o papel que posso ter na desconstrução de uma pessoa ou na representatividade é mais importante. Claro que tomo muito cuidado e faço meu conteúdo com muito zelo, porque espero que as pessoas vejam posts relevantes e pensem a partir do que mostro para elas. Mas entendo que só uma foto que posto de unha pintada já fala muito, e às vezes nem é o que quero dizer, sou só eu vivendo minha vida”.

“Por mais que seja mais uma responsabilidade, acho ótimo porque sempre quis ter essas referências gays e não tive. Eu faço parte de uma geração na internet que, talvez seja a primeira, que fala sobre as próprias vivências enquanto LGBT”, relatou ele.

O youtuber diz que o papel principal do seu trabalho é ajudar famílias, e deixar um legado para a sociedade :

“Cada vez que eu tenho mais destaque, só penso que quero mais ainda porque entendo a diferença que isso faz para o outro. Gosto quando mães vêm me procurar para dizer ‘Hoje eu aceito e respeito mais meu filho por te acompanhar’. Isso é bonito e forte pra mim. É importante porque sei que a imensa maioria dos LGBTs são calados pela religião, pela família, pela escola, pela sociedade… se eu conseguir fazer minha voz ecoar enquanto um monte de gente é silenciada, será lindo! Esse é o tipo de coisa que a gente deixa para o mundo. Posso morrer amanhã que essas coisas vão continuar reverberando. É o meu legado”

Homofobia

Vitor conta que sentiu sua personalidade silenciada por todos ao seu redor, e se considera um porta-voz a quem se sente calado tambem:

“A homofobia me calou por muito tempo. Demorei para me encontrar e entender que tenho talento e poderia brilhar fazendo meu trabalho mesmo sendo gay. Só fui me aceitar depois que já tinha saído da faculdade, com vinte e poucos anos. Venho de uma família muito católica, e por isso cresci com esse pensamento conservador, achando que por ser gay eu sou menor, valho menos, não posso ser feliz, não tenho direito a uma família, ao amor e a conquistas. Tentei por muito tempo me encaixar numa heteronormatividade. Só quando adulto que entendi que além de gay poderia ser o que quisesse. Essa libertação é o que me faz ter forças para incentivar outras pessoas a viverem esse processo, porque já estive do outro lado e não faz muito tempo, foi há menos de dez anos”, desabafa.

“Quando vejo alguém falando o que passa por homofobia, fico muito tocado porque essa é uma lembrança muito próxima que tenho. Quando eu era criança, passei pela tal da terapia de conversão sexual. É marcante estar no consultório com uma psicóloga tentando te convencer a ser mais masculino do que você é. É difícil porque esperamos dessas pessoas que elas sejam estudadas e tenham razão. Isso me fez ser outra pessoa. Me transformei num homem pseudo-heterossexual com 10 anos. Isso é muito violento”, expressou o criador de conteúdo.