Ana Hikari reclama de preconceito no trabalho: “Como se eu não pudesse”

Ana Hikari
Ana Hikari desabafou sobre a carreira e representatividade (Reprodução/Instagram)

Ana Hikari está cotada para o BBB 2023, segundo alguns jornalistas. Mas a atriz ficou famosa após estrear em Malhação: Viva a Diferença. Ela, que atuou recentemente em Quanto Mais Vida Melhor, com a personagem Vanda, falou da carreira.

Em conversa exclusiva com o Entretê, ela comentou sobre a cultura de cancelamento, falou sobre o seu amor pela arte e abriu o jogo sobre gravar cenas em meio ao período de pandemia. Além disso, a atriz relatou o preconceito que sofreu – e continua sofrendo – na carreira.

Confira:

Como foi atuar em Quanto Mais Vida Melhor?

Ana Hikari: Foi uma experiência linda, porque, além de ter sido uma felicidade sem tamanho poder trabalhar depois de tanto tempo isolada na pandemia, foi um privilégio ter trabalhado com pessoas que eu admiro artisticamente e que hoje em dia se tornaram amigos muito queridos.

No meu núcleo por exemplo, com a Nina Tomsic, com o Jaffar Bambirra, Caio Manhente, Carol Garcia, André Silberg, Carlos Silberg são alguns dos atores que eu gravei diariamente e pude criar uma amizade linda depois desse trabalho.

Novela diferente

-O processo de gravação foi muito diferente por causa da pandemia?

Ana Hikari: Foi bem diferente. Os protocolos estavam muito rígidos quando começamos e isso foi ótimo, porque eles davam uma sensação grande de segurança nos estúdios e também ajudou, de certa maneira, a dar um clima maior de concentração no set, eu achei isso muito positivo.

Preconceito

-Você já sofreu preconceito dentro do mercado artístico por ser asiática?

Isso é algo que eu passei durante toda minha carreira como atriz e sigo vendo isso acontecer. Eu só era chamada pra testes que estavam brifados explicitamente “atrizes asiáticas”.

Eu não era chamada para testes simples de “mulher”, como se eu não pudesse exercer o papel simplesmente de uma “mulher” da minha idade. E se olharmos em volta, ainda são muito poucas atrizes e atores asiáticos com destaque no audiovisual, dessa maneira fica difícil de não se sentir só nesse meio.

-O que pensa sobre a cultura de cancelamento?

Eu não acredito que exista de fato cultura do cancelamento como as pessoas falam, porque o que eu vejo é um movimento de perceber os erros relacionados a questões sociais e um movimento de denúncia em massa de atitudes ultrapassadas e opressoras.

Quando alguém é dito “cancelado” geralmente é uma pessoa privilegiada que disse ou fez algo discriminatório. E essas pessoas privilegiadas não são de fato canceladas. Elas não perdem nada ou, se perdem, por exemplo, seguidores, logo recuperam. O “cancelamento” de fato na nossa sociedade acontece pras pessoas oprimidas que tão desde sempre a margem da nossa sociedade: Pessoas que de fato estão sem acesso à moradia, a oportunidades de trabalho, educação, saúde, alimentação digna.

E eu sinto que, pra essas pessoas “canceladas” pela sociedade, às vezes não existe um olhar de tanta empatia quanto quando um famoso é “cancelado” sabe?

Paixão por cinema

-Você gosta de fazer novelas?

Eu adoro fazer novelas! Mas sou uma atriz que veio do teatro, desde pequena tem paixão por cinema e já está na sua terceira temporada de série, então eu amo novelas, mas quero explorar todas as linguagens como atriz.

-Qual personagem sente vontade de fazer?

É clichê, mas eu adoraria fazer uma vilã bem escrota, daquelas que as senhorinhas ficam com vontade de bater no mercado [risos].

Inspiração

-Se inspira em alguma atriz brasileira?

Muitas atrizes me inspiram, principalmente as que trabalham comigo. Acho que a coisa mais importante que eu aprendo com meu trabalho é observar e absorver com quem eu tô trocando em cena.

Outro dia fiz umas cenas incríveis com a Renata Carvalho (que é uma super atriz) e só o olhar dela em cena me emocionou muito e foi o suficiente pra eu conseguir chegar nos lugares que a cena exigia de emoção. As atrizes que eu mais admiro são as atrizes que eu encontro na minha frente e consigo estabelecer uma troca de olhar e energia na hora do set.