Ex-assistente de Melhem se pronuncia sobre tê-lo apoiado

Marcius Melhém
Marcius Melhém (Divulgação/ TV Globo)

As acusações contra Marcius Melhem por comportamento inadequado em ambiente de trabalho surgiram no início do ano e se intensificaram na última semana, com uma reportagem da revista Piauí que descrevia as atitudes do humorista, alçado ao cargo de diretor do núcleo de humor da Globo. Agora, um roteirista informou que foi coagido a assinar um abaixo-assinado a favor do diretor.

Segundo uma matéria assinada por Leo Dias no site Metrópoles, o profissional, que não quis ser identificado disse. “Eu e outros autores do Zorra ficamos um tanto surpreendidos com a nota da Dani Ocampo [número 2 do humor na TV Globo], pois ela diz que amigos e equipe a procuraram e parece que foi uma atitude homogênea, mas não foi. O que todos nós lembramos é que Dani chegou na nossa sala e disse: ‘Quem quiser assina, quem não quiser não assina’. Só que, claro, como ela tinha uma posição hierárquica superior, a maioria das pessoas assinou”.

Ele disse ainda que ninguém do núcleo de humor criou a petição, que teria surgido a partir da própria Daniela.

“Eu assinei também, claro. E, fato, o abaixo-assinado é apenas em relação ao assédio moral. Achamos muito injusto dizer que o abaixo-assinado partiu da equipe, pois não partiu. Alguém do elenco pode ter procurado ela, mas ela que organizou tudo, inclusive pedindo o número de matrícula das pessoas no grupo de Whatsapp”.

Ele acredita que houve na situação um excesso, por alguém com um cargo maior fazer uma pressão para que a equipe assinasse algo. “Senti assédio moral ao chegar uma pessoa superior e dizer para eu assinar um abaixo-assinado ‘sem obrigação’. Não foi uma ‘passação de pano’, como todos dizem, foi um movimento hierárquico que partiu da Dani Ocampo no qual muita gente, inclusive eu, se sentiu pressionado a assinar com medo de perder seus empregos”.

Já Daniela Ocampo, braço direito de Melhem se manifestou através do Instagram. “Meu nome apareceu na reportagem da revista Piauí gerando uma série de reações. E por mais que essa história não seja minha, algumas coisas precisam de respostas e posicionamento. Quando o repórter me procurou para a matéria sobre o caso Marcius, eu não me senti confortável com a abordagem das perguntas. Não quis dar entrevista porque, como aleguei para ele, é um caso grave e que não deveria ser tratado assim, mas dei uma declaração real: ‘Agi de acordo com as convicções que eu tinha na época”, começou ela.

“Os abaixo-assinados referiam-se ao fato de o programa ‘ Fora de Hora ‘ não ser um plágio do ‘ Furo MTV ‘ e de, ao contrário, do que havia sido armado por um jornalista, não haver assédio moral no ambiente de trabalho do ‘Zorra’. Amigos e equipe me procuraram, pois queriam se pronunciar formalmente contra essas acusações. Na época, nenhuma informação contrária a essa havia sido falada. E, principalmente, a gente não sabia de nenhuma denúncia de assédio sexual”, continuou.

“Só alguns meses atrás comecei a ouvir histórias e pessoas me procuraram e eu as procurei. Entendi que não sabia muita coisa e que por trabalhar diretamente com o Marcius muita gente se afastou de mim”, disse Daniela sobre não ter conhecido das alegações que foram

“Ainda estou. Por mais que as pessoas adorem culpar as mulheres por não terem visto isso ou aquilo, é possível não ver sim. A gente não sabe das relações que as pessoas têm na vida pessoal delas, na intimidade. A estrutura machista/patriarcal é feita para isso: afastar, intimidar e silenciar. Deixo declarada minha admiração a todas as mulheres que têm coragem de expor as violências que sofreram. Sou mulher e carrego meus fantasmas. Jamais acobertaria violência contra mulher. Todas as vítimas têm o meu apoio, meu respeito e a minha admiração. E, por favor, parem de culpar as mulheres por tudo”, concluiu ela.