Babu Santana desabafa sobre o impacto do coronavírus na população periférica

Babu Santana (Foto: Reprodução)
O ator Babu Santana (Foto: Reprodução)

Ator há muitos anos, Babu Santana viu sua popularidade subir rapidamente ao participar do BBB20 nos primeiros meses do ano. E o famoso ganhou muita notoriedade principalmente por conta das bandeiras de extrema importância que levantava na casa mais vigiada do Brasil, inclusive falando sobre racismo, racismo estrutural e da população periférica. Em entrevista à revista Vogue, ele falou sobre a vulnerabilidade dessas pessoas durante a pandemia do novo coronavírus.

Questionado pela publicação se o racismo estrutural é um dos motivos para que a população preta e periférica seja afetada de forma muito mais intensa pela pandemia, ele confirmou. “Isto é uma realidade. Na favela há uma grande circulação de pessoas que sequer podem parar de trabalhar. As casas e barracos são colados ou extremamente próximos uns dos outros. Os becos, vielas e travessas também contribuem para que o contato seja maior. Ainda há a dificuldade de acesso a saneamento básico. Em alguns lugares os moradores chegam a ficar até três dias sem uma gota de água na torneira. Esses fatores explicam muita coisa, percebe? O racismo estrutural nos jogou nestas condições. O que esperamos, verdadeiramente, é que o poder público vá as favelas, olhe para elas. Que aja!”, disse.

Notoriedade

Babu Santana diz que fica muito feliz em ver que sua defesa ao movimento preto durante sua estadia no BBB20 fez com que o tema fosse muito mais discutido nas redes sociais. Questionado, ele disse que, no momento, não pensa em se candidatar a cargos políticos em Brasília. “Estou muito feliz com meus projetos no âmbito da arte. É neles que estou focado e direcionando toda minha energia hoje”, afirmou o ator.

Por fim, Babu diz que as manifestações antirracistas vistas atualmente são uma necessidade. “Na verdade, a luta antirracista não é algo novo, deste momento. A questão é que agora o racismo é gravado, mostrado aos quatro cantos do mundo. Então parece que agora estamos nos levantando, mas não”, diz.

O ator afirma que essa luta é de muitos e muitos anos. “Desde que um cidadão branco achou que tinha que escravizar um preto. Eu vejo que as manifestações devem existir, mas isso não é e nunca será o suficiente. O caminho para um preto não é simples, cheio de flores ou tranquilidades. Então é necessário mais do que um grito ou um post nas redes, temos que ter políticas públicas que incluam, queremos pretos e pretas na política, na ciência, nas artes, mas em papel de destaque, de protagonismo, de liderança.  Representatividade é algo que traz um sentimento de existência”, concluiu.